Em Berlim, fazenda urbana e sustentável produz vegetais e peixes em larga escala

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Aquaponia alia a criação de peixes com a agricultura
Fotos: Clarissa Neher

 

Desenvolver um meio de produção de alimentos em larga escala sustentável, que não necessitasse de tantos recursos e fosse menos poluente do que a agricultura tradicional. Este foi o principal objetivo da criação do sistema de fazendas ECT, que inaugurou na sexta-feira, 6 de março, em Berlim (Alemanha), uma das maiores fazendas aquapônicas urbanas do mundo.

“A aquaponia, que combina a criação de peixes e a agricultura, é sistema antigo usado pelos astecas e chineses. O que nós fizemos foi profissionalizar a técnica para a produção comercial”, destacou à BBC Brasil Nicolas Leschke, um dos criadores do sistema de fazendas ECT.

A partir de maio, os moradores de Berlim poderão comprar os primeiros legumes produzidos por esse sistema, relata a reportagem de Clarissa Neher. Os peixes criados no local, no entanto, estarão à venda a partir de outubro. A estufa de 1,8 mil metros quadrados construída no bairro de Schöneberg, ao sul da capital alemã, tem capacidade de produzir anualmente cerca de 35 toneladas de vegetais e 25 toneladas de peixe.

Água da chuva
Um dos diferenciais da fazenda ECT o é aproveitamento da água da chuva, que corresponde a cerca de 70% do total desse recurso utilizado no sistema. Além disso, esse uso é totalmente sustentável.

 

Caixa com legumes e verduras custa 15 euros e é entregue no mercado
Caixa com legumes e verduras custa 15 euros e é entregue no mercado

A água da criação de peixes é enriquecida naturalmente pelos resíduos produzidos pelos animais. Essa água rica em nutrientes, por sua vez, é usada na irrigação das plantas. O CO2 gerado na criação dos peixes também é “reciclado”. Ao ser direcionado para a estufa, ele age com um fertilizante adicional para os legumes e vegetais.

Os produtos comercializados são orgânicos, inclusive os peixes que são alimentados apenas com ração orgânica. Além disso, não são utilizados pesticidas e fertilizantes químicos na produção dos vegetais.

Outra grande vantagem da fazenda urbana é a proximidade do consumidor.

“Por estarmos no meio da cidade não temos mais custos com transporte e nossos alimentos chegam mais frescos aos clientes”, diz Robert Dietrich, um dos “farmerboys”, como são chamados os funcionários do local.

Cerca de cinco funcionários são necessários para tocar a fazenda, que combina o uso de um sistema computadorizado para irrigação e controle de temperatura com a plantação manual das mudas.

Atualmente estão sendo produzidos no local tomate, pepino, pimentão, berinjela, diversos tipos de salada, temperos e os chamados microgreens – pequenos vegetais ricos em nutrientes. O sistema, no entanto, pode produzir cerca de 400 espécies de plantas.

Inauguração lotada
A fazenda e o mercado foram inaugurados na última semana. O evento atraiu pessoas de todas as idades e potenciais clientes. Os produtos, no entanto, não serão comercializados avulsos como nos mercados e feiras tradicionais. Os consumidores precisam fazer uma assinatura para receber semanalmente uma caixa com diversos legumes e vegetais colhidos no local. Sua composição varia conforme a colheita.

Cada caixa custa 15 euros (pouco mais de R$ 50) e é entregue no mercado ao lado da estufa. A fazenda tem capacidade de produção inicial de 300 caixas por semana. Já os peixes serão retirados dos tanques de acordo com a demanda.

Kathrin Hoffmann que foi conhecer o projeto aprovou essa forma de agricultura e criação de peixes e pretende apoiar a iniciativa. “Os alimentos produzidos aqui são relativamente caros, mas de vez enquanto, para ocasiões especiais, dá para comprar a caixa de legumes e verduras”, afirma.

 

Mercado fica situado ao lado da estufa
Mercado fica situado ao lado da estufa

Os produtos comercializados são orgânicos, inclusive os peixes que são alimentados apenas com ração orgânica. Além disso, não são utilizados pesticidas e fertilizantes químicos na produção dos vegetais.

A empresa ECT foi criada em 2012 e usou um container como protótipo para desenvolver a técnica aplicada na fazenda. A construção da estufa levou seis meses e custou mais de 1 milhão de euros (cerca de R$ 3,3 milhões). O projeto foi financiado por um fundo de capitais e um investidor privado.

Uma segunda fazenda ECT já está sendo construída na Suíça.

Será que ideias semelhantes dariam certo aqui no Brasil?

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