A Bayer, multinacional com atuação no setor químico, fez uma oferta de aquisição da Monsanto, empresa de sementes transgênicas e agrotóxicos, ao Conselho Administrativo da companhia norte-americana, semana passada (18/05).
Nesta segunda-feira (23/05), a empresa alemã confirmou ter ofertado US$ 62 bilhões (55,2 bilhões de euros, equivalente a 226 bilhões de reais) para comprar a Monsanto, destacaram diversos veículos da imprensa internacional e brasileira, dentre eles o portal jornalístico El País.
A Bayer oferece US$ 122 por ação(cerca de 439 reais) e é 37% superior ao valor de mercado da Monsanto, segundo informaram autoridades do mercado financeiro dos países em que a empresa norte-americana tem presença em bolsas de valores.
A compra da Monsanto pela Bayer por US$ 62 bilhões pode criar o maior conglomerado de sementes transgênicas e agrotóxicos do mundo
Ainda de acordo com diversos veículos, a empresa alemã afirmou que pretende financiar a aquisição com uma combinação entre empréstimos e emissões, incluindo uma oferta de cerca de 25% do valor da transação.
O CFO (Chief Financial Officer) da Bayer, Johannes Dietsch, confirmou que a Bayer deverá emitir US$ 15,4 bilhões em participação no mercado. A proposta inclui a compra de 100% das ações da gigante norte-americana de transgênicos, avaliada na semana passada no mercado de ações em cerca de 42 bilhões de euros.
Embora a companhia norte-americana tenha confirmado ter recebido a proposta, informou que o conselho da empresa está analisando e não há garantia do negócio ser realizado.
Caso haja uma confirmação do acordo entre as duas empresas poderá resultar na criação da maior companhia de sementes e agrotóxicos do mundo com negócio de US$ 67 bilhões em vendas anuais, com controle de 30% deste mercado.
A gigante alemã, que enviou esta proposta à Monsanto no dia 10 de maio, destacou que a oferta representa um prêmio de 37% sobre o preço das ações conforme o fechamento do mercado norte-americano em 9 de maio.
Concentração no mercado mundial: DowDuPont criada há seis meses tem capitalização de 130 bilhões de dólares
É a mais recente movimentação de negócios no processo de concentração mundial do setor químico. A própria Monsanto já havia tentando adquirir a Syngenta, mas a operação não avançou, até porque a rival suíça acabou sendo comprada de ser comprada pela ChemChina, que desembolsou 43 bilhões de dólares.
O negócio aconteceu após o anúncio da fusão entre Dow Chemical e DuPont, em dezembro de 2015, que cria uma empresa com capitalização de 130 bilhões de dólares (470 bilhões de reais). Denominada DowDuPont planeja se dividir em três empresas independentes.
A primeira, ligada ao setor agrícola, com receitas de 19 bilhões de dólares – que inclui a produção de sementes, pesticidas e outros produtos para o campo; já a segunda unidade será industrial, com vendas anuais de 51 bilhões de dólares, atuando no setor de plásticos para o transporte, embalagens e construção.
Enquanto a terceira empresa da DowDuPont terá foco em produtos para nutrição, biociência, eletrônica e segurança, com vendas de 13 bilhões de dólares, e será maior do que a Monsanto.
Agora resta ver quais serão os próximos passos da BASF, que há algumas semanas também mostrou interesse pela Monsanto.
Pressão sobre empresas e medo dos agricultores
A oferta da Bayer ocorre num período de pressão sobre as empresas do agronegócio, com três anos consecutivos de queda dos preços, que derrubaram os lucros dos produtores norte-americanos aos menores níveis em mais de uma década.
Como resultado, empresas produtoras de sementes cortaram os preços, reduziram o investimento em pesquisa e demitiram funcionários.
Os portfólios são geograficamente complementares, com presença forte da Monsanto na América do Norte, enquanto a Bayer tem mais mercado na Europa e Ásia.
Produtores, por sua vez, temem que, com a consolidação do setor, a concorrência seja prejudicada, resultando em elevação de preços e menos opções de insumos e sementes
Com a união das duas companhias, três quartos do negócio global de sementes e agroquímicos ficarão nas mãos de três grandes conglomerados
Com a união da Bayer e da Monsanto, a nova empresa terá o controle de 30% do mercado de sementes e produtos químicos agrícolas. Será seguida bem de perto pela ChemChina e Syngenta, com 28% de participação.
A futura DowDuPont ficaria com 17%. Três quartos do negócio global, portanto, ficarão concentrados nesses três grandes conglomerados. A BASF ficaria com o quarto lugar, com uma fatia de 13%.
Mas a aquisição ainda está sujeita à aprovação dos órgãos reguladores nos EUA e na Europa. A Monsanto, por exemplo, é uma marca que desperta muita desconfiança na classe política por seu polêmico negócio de produtos transgênicos
Mais informações: El País