Diário Verde publica matéria especial da jornalista Heloisa Bio sobre o impulso que a agricultura orgânica pode dar para ajudar o Brasil a atingir os 17 Objetivos que compõem a Agenda da ONU , a exemplo de todos os países do mundo até 2030.
A iniciativa contempla recomendações concretas para segurança alimentar, saúde, energia, produção e consumo sustentáveis e permitem uma uma articulação de trabalhos conjuntos entre governo e sociedade civil que compõem a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Com o objetivo de abordar este importante tema mundial, diferentes representantes de governo, sociedade civil, agricultores familiares e pesquisadores de universidade debateram “Como a agricultura orgânica ajudará o país e atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU?”
O evento aconteceu no início de junho durante a Bio Brazil Fair, numa iniciativa da AAO – Associação de Agricultura Orgânica e Instituto Kairós.
Agroecologia e compra orgânica para alimentação escolar tornam Brasil exemplo mundial para o desenvolvimento sustentável
E o Brasil já apresenta iniciativas que permitem cumprir as metas de sustentabilidade quando o tema é agricultura orgânica e agroecologia, os quais perpassam todos os objetivos da Agenda 2030.
A agroecologia destaca-se mais explicitamente no Objetivo 2 de “acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”.
Dentre os seus impactos positivos pode-se destacar: a fixação do homem no campo e manutenção das comunidades rurais, preservação dos recursos naturais e da produtividade do solo, além de alimentos de maior valor nutritivo e sem contaminação por agroquímicos.
O pesquisador da UNICAMP, Enrique Ortega (ao lado), demonstrou inclusive que os custos de produção e as externalidades negativas são menores na agricultura orgânica do que na produção convencional.
Produção orgânica: somente 1% da área agricultável brasileira
A intenção do encontro foi apresentar dados e informações que orientem políticas públicas para a efetiva transição agroecológica, conforme só 1% da área agricultável do país é utilizada hoje para esse plantio.
“Aí entra a exemplaridade do Brasil em termos de programas de compras públicas para a alimentação escolar, os quais são um forte indutor da produção orgânica, ao determinar a compra da agricultura familiar, permitir ao agricultor planejar a venda e garantir alimentação saudável a crianças e jovens”, afirmou Ana Flávia Badue, coordenadora do Instituto Kairós.
A cidade de São Paulo é pioneira na criação da Lei 16.140/2015, que obriga ao município a aquisição de 100% de alimentos orgânicos para a alimentação escolar até 2026.
Atender as quase 2 milhões de refeições servidas ao dia nas escolas municipais é um caminho direto para se atingir a meta da alimentação saudável com a possibilidade de produção agroecológica em escala.
Painel sobre a contribuição da agricultura orgânica para a Agenda Sustentável da ONU teve grande participação. Foto: Heloisa Bio
Produzir em escala e custo real
Muito se questiona sobre a capacidade da agricultura orgânica de atender a demanda alimentar e a possibilidade de produção em escala a um custo viável.
Nesse sentido, a diversidade da produção em contraste à restrição de um só produto da monocultura, a organização da cadeia de distribuição de alimentos e os preços que levem em conta as externalidades que não são pagas pelo produtor convencional, estiveram entre os aspectos debatidos no painel durante a Bio Brazil.
Rede de agricultura orgânica interliga e abastece mercados de 250 cidades em três estados
O representante da Rede Ecovida, Marcelo Passos (ao lado), que articula produtores em 3 Estados, mostrou que é possível realizar na prática o abastecimento de mercados tão distantes como Paraná, Minas Gerais e São Paulo.
A rede atua em 250 municípios, com um circuito de comercialização que conecta núcleos de produção no território e faz o alimento orgânico chegar a mais de 200 feiras ecológicas.
Com isso, já são mais de 4,5 mil famílias de agricultores beneficiadas com a iniciativa.
O diretor de agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Rogério Dias, reforçou que o país poderia dar conta da demanda interna e que sempre priorizou a alimentação da população, ao contrário de outros países que exportam orgânicos para mercados convencionais.
Ele trouxe um panorama do território, com 14.449 unidades de produção orgânicas cadastradas e já 25% dos municípios com esse tipo de cultivo certificado.
Guia Alimentar da População Brasileira, hortas comunitárias e feiras orgânicas demonstram a importância da alimentação saudável e sustentável
“Mas ressalta-se que muitas vezes o agricultor não tem como se dedicar à comercialização, daí a importância das compras públicas para a venda direta e a ampliação do trabalho no campo”, destacou Dias.
O Guia Alimentar da População Brasileira, hortas comunitárias e feiras orgânicas mostram a importância da alimentação saudável e sustentável para toda a sociedade.
Recente estudo da FAO – Programa da ONU para a Alimentação e Agricultura, revelou que somente 83 países, de 215 países analisados, adotam diretrizes alimentares para seus cidadãos, e que apenas quatro – entre eles o Brasil – consideram a alimentação e a agricultura sustentável conjuntamente em suas recomendações.
São exemplos do nosso papel nessa área, o Guia Alimentar da População Brasileira, as hortas comunitárias cada vez mais enraizadas no cenário urbano e a quantidade de feiras orgânicas existentes hoje”, reforçou Nina Orlow (esquerda), da Rede Nossa São Paulo, sobre iniciativas que têm interface com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
São exemplos do nosso papel nessa área, o Guia Alimentar da População Brasileira, as hortas comunitárias cada vez mais enraizadas no cenário urbano e a quantidade de feiras orgânicas existentes hoje”, reforçou Nina Orlow (esquerda), da Rede Nossa São Paulo, sobre iniciativas que têm interface com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Por fim, o professor Ortega, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da UNICAMP, trouxe dados importantes sobre a contabilidade não embutia no valor dos alimentos convencionais.
Por meio de uma análise energética de sistemas de produção de soja convencional, nos Estados Unidos, e em cultivos orgânicos de soja e milho, no Brasil, chegou-se ao resultado de que o ganho sistêmico por hectare no primeiro caso é de 50 dólares ao ano, enquanto no segundo, da produção orgânica, atinge 1,1 mil dólares ao ano.
“Ao levar em conta a energia solar, a perda de solo, o controle biológico, as chuvas, nutrientes, entre outros fatores, notamos que hoje o preço desses alimentos deveria ser até 2,5 vezes mais alto do que o aplicado no mercado, conforme não se considera o custo dessas externalidades”, disse.
Mais informações: Heloisa Bio – heloisa.bio@aua.org.br
CONHEÇA OS 17 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA ONU:
1 – Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares
- Globalmente, o número de pessoas vivendo em extrema pobreza diminuiu mais da metade; em 1990 eram 1,9 bilhão. Contudo, 836 milhões de pessoas ainda vivem na extrema pobreza: cerca de uma em cada cinco pessoas em regiões em desenvolvimento vive com menos de 1,25 dólar por dia.
- O Sul da Ásia e a África Subsaariana são o lar da esmagadora maioria das pessoas vivendo em extrema pobreza.
- Altos índices de pobreza são frequentemente encontrados em países pequenos, frágeis e afetados por conflitos.
- Uma em cada quatro crianças abaixo dos cinco anos de idade no mundo possui altura inadequada para sua idade.
2 – Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
- Globalmente, a proporção de pessoas subnutridas em regiões em desenvolvimento caiu quase pela metade desde 1990, de 23,3% em 1990-1992 para 12,9% em 2014-2016.
- Mas, atualmente, uma em cada nove pessoas no mundo (795 milhões) ainda é subnutrida.
- A vasta maioria das pessoas do mundo passando fome vive em países em desenvolvimento, onde 12,9% da população é subnutrida.
- Ásia é o continente com a população que passa mais fome – dois terços do total. A porcentagem no Sul da Ásia caiu em anos recentes, mas, na Ásia Ocidental, ela aumentou levemente.
- A África Subsaariana é a região com a mais alta prevalência (porcentagem da população) de fome. Lá, cerca de uma em cada quatro pessoas está subnutrida.
- A má nutrição causa quase metade (45%) das mortes de crianças abaixo dos cinco anos de idade – 3,1 milhões de crianças anualmente.
- Uma em cada quatro crianças do mundo sofre crescimento atrofiado.
- Em países em desenvolvimento, a proporção aumenta de uma para três. 66 milhões de crianças em idade escolar primária vão às aulas passando fome, sendo 23 milhões apenas na África.
- A agricultura é a maior empregadora única no mundo, provendo meios de vida para 40% da população global atual. Ela é a maior fonte de renda e trabalho para famílias pobres rurais.
500 milhões de pequenas fazendas no mundo todo, a maioria ainda dependente de chuva, fornecem até 80% da comida consumida numa grande parte dos países em desenvolvimento. - Investir em pequenos agricultores é um modo importante de aumentar a segurança alimentar e a nutrição para os mais pobres, bem como a produção de alimentos para mercados locais e globais.
3 – Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
Saúde infantil
- A cada dia, morrem 17 mil crianças a menos do que em 1990, porém mais de seis milhões decrianças ainda morrem a cada ano, antes do seu quinto aniversário.
- Desde 2000, vacinas de sarampo preveniram aproximadamente 15,6 milhões de mortes.
- Apesar do progresso global, uma crescente proporção das mortes de crianças acontece na África Subsaariana e no Sul da Ásia. Quatro de cada cinco mortes de crianças abaixo dos cinco anos de idade ocorrem nessas regiões.
Saúde Materna
- Globalmente, a mortalidade materna caiu quase 50% desde 1990.
- Na Ásia Oriental, no Norte da África e no Sul da Ásia, a mortalidade materna diminuiu cerca de dois terços.
- Porém, a taxa de mortalidade materna – a proporção de mães que não sobrevivem ao nascimento do filho comparada com aquelas que sobrevivem – nas regiões em desenvolvimento ainda é 14 vezes mais alta do que nas regiões desenvolvidas.
- Apenas metade das mulheres em regiões em desenvolvimento recebe a quantidade recomendada de assistência médica.
HIV/aids
- Em 2014, havia 13,6 milhões de pessoas com acesso à terapia antirretroviral, um aumento em relação a apenas 800 mil em 2003.
- Novas infecções por HIV em 2013 foram estimadas em 2,1 milhões, o que representa 38% a menos do que em 2001.
- No final de 2013, estima-se que havia 35 milhões de pessoas vivendo com HIV.
- No final de 2013, 240 mil novas crianças estavam infectadas com HIV.
4 – Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos
- A matrícula na educação primária em países em desenvolvimento chegou a 91%, mas 57 milhões de crianças permanecem foram da escola.
- Mais da metade das crianças que não se matricularam na escola vivem na África Subsaariana.
- Estima-se que 50% das crianças fora da escola com idade escolar primária vivem em áreas afetadas por conflitos.
- Crianças das famílias mais pobres são quatro vezes mais propensas a estar fora da escola do que crianças de famílias mais ricas.
- O mundo conquistou a igualdade na educação primária entre meninas e meninos, mas poucos países alcançaram essa meta em todos os níveis de educação.
- Entre os jovens de 15 a 24 anos, a taxa de alfabetização melhorou globalmente, de 83% para 91% entre 1990 e 2015.
5 – Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
- No Sul da Ásia, apenas 74 meninas foram matriculadas na escola primária para cada 100 meninos, em 1990. Em 2012, as taxas de matrícula foram as mesmas para meninas e para meninos.
- Na África Subsaariana, Oceania e Ásia Ocidental, meninas ainda enfrentam barreiras para entrar tanto na escola primária quanto na escola secundária.
- Mulheres na África do Norte ocupam menos de um a cada cinco empregos pagos em setores que não sejam a agricultura.
- Em 46 países, as mulheres agora ocupam mais de 30% das cadeiras no parlamento nacional em pelo menos uma câmara.
6 – Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos
- Em 2015, 91% da população global está usando uma fonte de água potável aprimorada, comparado a 76% em 1990.
- Contudo, 2,5 bilhões de pessoas não têm acesso a serviços de saneamento básico, como banheiros ou latrinas.
- Diariamente, uma média de cinco mil crianças morre de doenças evitáveis relacionadas à água e saneamento.
- A energia hidrelétrica é a fonte de energia renovável mais importante e mais amplamente usada.
- Em 2011, ela representava 16% do total da produção de eletricidade no mundo todo.
Aproximadamente 70% de toda água disponível é usada para irrigação. - Enchentes são a causa de 15% de todas as mortes relacionadas a desastres naturais.
7 – Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos
- 1,3 bilhão de pessoas – uma em cada cinco, globalmente – ainda não têm acesso à eletricidade moderna.
- 3 bilhões de pessoas dependem de madeira, carvão, carvão vegetal ou dejetos animais para cozinhar e obter aquecimento.
- A energia é o principal contribuinte para as mudanças climáticas, sendo responsável por cerca de 60% das emissões globais totais de gases do efeito estufa.
- A energia de fontes renováveis – vento, água, solar, biomas e energia geotermal – é inexaurível e limpa. A energia renovável, atualmente, constitui 15% do conjunto global de energia.
8 – Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos
- O desemprego global aumentou de 170 milhões em 2007 para cerca de 202 milhões em 2012, dentre eles, aproximadamente 75 milhões são mulheres ou homens jovens.
- Cerca de 2,2 bilhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza e a erradicação do problema só é possível por meio de empregos bem pagos e estáveis.
- 470 milhões de empregos são necessários mundialmente para a entrada de novas pessoas no mercado de trabalho entre 2016 e 2030.
- Pequenas e médias empresas que se comprometem com o processamento industrial e com as indústrias manufatureiras são as mais decisivas para os primeiros estágios da industrialização e são geralmente as maiores geradores de emprego.
- São responsáveis por 90% dos negócios no mundo e contabilizam entre 50 a 60% dos empregos.
9 – Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação
- Cerca de 2,6 bilhões de pessoas no mundo em desenvolvimento têm dificuldades no acesso à eletricidade.
- 2,5 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à saneamento básico e quase 800 milhões de pessoas não têm acesso à água.
- Entre 1 a 1,5 milhão de pessoas não têm acesso a um serviço de telefone de qualidade.
- Para muitos países africanos, principalmente os de baixo rendimento, os limites na infraestrutura afetam em cerca de 40% na produtividade das empresas.
- A indústria manufatureira é importante para geração de empregos, somando aproximadamente 470 milhões dos empregos no mundo em 2009 – ou cerca de 16% da força de trabalho de 2,9 bilhões.
- Estima-se que existiam mais meio bilhão de empregos na área em 2013.
- O efeito da multiplicação de trabalhos industrializados impactou a sociedade positivamente. Cada trabalho na indústria gera 2,2 empregos em outros setores.
- Em países em desenvolvimento, apenas 30% da produção agrícola passa por processamento industrial. Em países desenvolvidos, 98% é processado. Isso sugere a existência de uma grande oportunidade para negócios na área agrícola em países em desenvolvimento.
10 – Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles
- Em média – e levando em consideração o tamanho das populações – a desigualdade de renda aumentou em 11% em países em desenvolvimento entre 1990 e 2010.
- Uma maioria significativa de famílias – mais de 75% – estão vivendo em sociedades onde a renda é pior distribuída do que na década de 1990.
- Crianças que fazem parte da camada de 20% mais pobres da população têm três vezes mais chances de morrer antes de completar seus cinco anos do que crianças mais ricas.
- A proteção social foi significativamente ampliada globalmente. No entanto, pessoas com algum tipo de deficiência têm cinco vezes mais chances do que a média de ter despesas catastróficas com saúde.
- Apesar do declínio na mortalidade materna na maioria dos países desenvolvidos, mulheres na área rural são três mais suscetíveis à morte no parto do que mulheres que vivem nos centros urbanos.
11 – Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis
- Metade da humanidade – 3,5 bilhões de pessoas – vive nas cidades atualmente.
- Em 2030, quase 60% da população mundial viverá em áreas urbanas. 828 milhões de pessoas vivem em favelas e o número continua aumentando.
- As cidades no mundo ocupam somente 2% de espaço da Terra, mas usam 60 a 80% do consumo de energia e provocam 75% da emissão de carbono.
- A rápida urbanização está exercendo pressão sobre a oferta de água potável, de esgoto, do ambiente de vida e saúde pública. Mas a alta densidade dessas cidades pode gerar ganhos de eficiência e inovação tecnológica enquanto reduzem recursos e consumo de energia.
- Cidades têm potencial de dissipar a distribuição de energia ou de otimizar sua eficiência por meio da redução do consumo e adoção de sistemas energéticos verdes. Rizhao, na China, por exemplo, transformou-se em uma cidade abastecida por energia solar. Em seus distritos centrais, 99% das famílias já usam aquecedores de água com energia solar.
12 – Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis
- 1,3 bilhão de toneladas de comida são desperdiçadas diariamente.
Se as pessoas usassem lâmpadas de baixo consumo, o mundo economizaria 120 bilhões de dólares anualmente. - A população global deve chegar a 9,6 bilhões de pessoas até 2050; o equivalente a três planetas seriam necessários para prover os recursos naturais necessários para sustentar os estilos de vida atuais.
- Mais de 1 bilhão de pessoas ainda não têm acesso à água potável.
13 – Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos (*)
- As emissões de gases de efeito estufa oriundos da atividade humana estão levando a mudanças climáticas e continuam aumentando. Elas alcançaram atualmente seu maior nível da história.
- Emissões globais de dióxido de carbono aumentaram quase 50% desde 1990.
- As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso aumentaram a níveis sem precedentes nos últimos 800 mil anos.
- As concentrações de dióxido de carbono aumentaram em 40% desde os tempos pré-industriais, primeiramente por conta dos combustíveis fósseis e depois pelas emissões vindas do desmatamento do solo.
- O oceano absorveu cerca de 30% do dióxido de carbono antropogênico emitidos, tornando-se mais ácido.
- Cada uma das últimas três décadas tem sido mais quente na superfície da Terra do que a anterior, desde 1850. No hemisfério Norte, o período entre 1983 e 2012 foi provavelmente o mais quente dos últimos 1.400 anos.
- De 1880 a 2012, a temperatura média global aumentou 0,85ºC. Sem nenhuma ação, a média de temperatura mundial deve aumentar 3ºC até o final do século 21 – aumentando ainda mais em algumas áreas do mundo, incluindo nos trópicos e subtrópicos. As pessoas mais pobres e vulneráveis são as mais afetadas pelo aquecimento.
- A média do nível do mar desde a metade do século 19 tem sido maior do que a média dos dois milênios anteriores.
- Entre 1901 e 2010, o nível global do mar aumentou 0,19 (0,17 a 0,21) metros.
- De 1901 a 2010, o nível mundial do mar cresceu 19 centímetros com a expansão dos oceanos, devido ao aquecimento global e derretimento das geleiras.
- Desde 1979, o gelo do mar do Ártico diminuiu em cada década, com 1,07 milhões de km² de gelo perdido de dez em dez anos.
- Ainda é possível limitar o aumento da temperatura global para 2ºC acima dos níveis pré-industriais, por meio de um conjunto de medidas tecnológicas e mudanças de comportamento.
- Existem muitos caminhos atenuantes para alcançar a redução substancial de emissões para as próximas décadas, com chances superiores a 66%, se for limitado o aquecimento a 2ºC – a meta determinada pelos governos.
- No entanto, postergar até 2020 para as mitigações adicionais aumentará substancialmente os desafios tecnológicos, econômico, social e institucional associados para limitar o aquecimento no século 21 para menos de 2ºC relacionados a níveis pré-industriais.
(*) Reconhecendo que a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima [UNFCCC] é o fórum internacional intergovernamental primário para negociar a resposta global à mudança do clima.
14 – Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável
- Os oceanos cobrem três-quartos da superfície da Terra, contém 97% da água do planeta e representam 99% da vida no planeta em termos de volume.
Mundialmente, o valor de mercado dos recursos marinhos e costeiros e das indústrias é de 3 trilhões de dólares por ano ou cerca de 5% do PIB (produto interno bruto) global. - Mundialmente, os níveis de captura de peixes estão próximos da capacidade de produção dos oceanos, com 80 milhões de toneladas de peixes sendo pescados.
- Oceanos contêm cerca de 200 mil espécies identificadas, mas os números na verdade deve ser de milhões.
- Os oceanos absorvem cerca de 30% do dióxido de carbono produzido por humanos, amortecendo os impactos do aquecimento global.
- Oceanos são a maior fonte de proteína do mundo, com mais de 3 bilhões de pessoas dependendo dos oceanos como fonte primária de alimentação.
- Pesca marinha direta ou indiretamente emprega mais de 200 milhões de pessoas.
- Subsídios para a pesca estão contribuindo para a rápida diminuição de várias espécies de peixes e estão impedindo esforços para salvar e restaurar a pesca mundial e empregos relacionados, causando redução de 50 bilhões de dólares em pesca nos oceanos por ano.
- 40% dos oceanos do mundo são altamente afetados pelas atividades humanas, incluindo poluição, diminuição de pesca e perda de habitats costeiros.
15 – Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade
- Treze milhões de hectares de florestas estão sendo perdidos a cada o ano.
- Cerca de 1,6 bilhão de pessoas dependem das florestas para sua subsistência. Isso inclui 70 milhões de indígenas. Florestas são o lar de mais de 80% de todas as espécies de animais, plantas e insetos terrestres.
- 2,6 bilhões de pessoas dependem diretamente da agricultura, mas 52% da terra usada para agricultura é afetada moderada ou severamente pela degradação do solo.
- Anualmente, devido à seca e desertificação, 12 milhões de hectares são perdidos (23 hectares por minuto), espaço em que 20 milhões de toneladas de grãos poderiam ter crescido.
- Das 8.300 raças animais conhecidas, 8% estão extintas e 22% estão sob risco de extinção.
80% das pessoas vivendo em área rural em países em desenvolvimento dependem da medicina tradicional das plantas para ter cuidados com a saúde básica.
16 – Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis
- O número de refugiados registrados junto ao Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) era de 13 milhões em meados de 2014, há cerca de um ano.
- Corrupção, suborno, roubo e evasão de impostos custam cerca de 1,26 trilhão para os países em desenvolvimento por ano.
- A taxa de crianças que deixam a escola primária em países em conflito alcançou 50% em 2011, o que soma 28,5 milhões de crianças.
17 – Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável
- A Assistência Oficial ao Desenvolvimento (OAD) levantou aproximadamente 135 bilhões de dólares em 2014.
- Em 2014, 79% dos produtos de países em desenvolvimento entraram no mercado “duty-free” de países desenvolvidos.
- A dívida dos países em desenvolvimento continua estável, beirando 3% do rendimento de exportação.
- O número de usuários da internet na África quase dobrou nos últimos quatro anos.
- Em 2015, 95% da população mundial tem cobertura de sinal de celular.
- 30% da juventude mundial é de nativos digitais, ativos online por pelo menos cinco anos.
- A população mundial apresentou aumento do uso da internet de 6% em 2000 para 43% em 2015.
- No entanto, mais de 4 bilhões de pessoas não usam Internet, e 90% delas são de países em desenvolvimento.
Fonte: ONUBR