O Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento (Mapa) prevê que a safra brasileira de grãos 2015/16 deve chegar a 188,1 milhões de toneladas, com uma redução de 9,5% ou 19,7 milhões de toneladas a menos que a anterior, de 207,7 milhões de t.
Os números estão no boletim do 11º levantamento da produção de grãos, divulgados na terça-feira (9/08) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao ministério.
A seca no cerrado em 2016 está mais forte do que nos últimos anos e atingiu em cheio a safra de milho, principal responsável pelas estimativas de que a produção nacional de grãos encerre o ano com a maior quebra em 20 anos.
Já os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), embora um pouco diferentes da Conab por uma questão de metodologia, também indicam queda na produção agrícola.
O orgão informou no mesmo dia (9/08) que o seu Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de julho projeta uma safra de 189 milhões de toneladas de grãos em 2016, recuo de 9,8% em relação à produção de 2015, de 209,4 milhões de toneladas.
Clima reduz produção
Caso haja confirmação destas projeções do LSPA, será a maior queda em duas décadas, superada apenas pelo tombo de 13,3% na safra de 1996.
Já em termos absolutos, a redução de 20,5 milhões de toneladas será a maior perda da série histórica do IBGE, iniciada em 1975.
Segundo o gerente do LSPA, Carlos Alfredo Barreto Guedes, “é natural do cerrado chover pouco nesta época do ano, mas não tão pouco assim” .
O técnico do IBGE explica que nos últimos três, quatro anos, o clima foi muito bom no cerrado, melhor do que o histórico, com chuvas acima da média.
“Então, os produtores foram apostando cada vez mais no milho de segunda safra. Agora, a queda, quando veio, foi um tombo”, afirmou Guedes.
Segundo a Conab, a principal cultura de inverno, o trigo, manteve crescimento de produção, subindo 12,1% e chegando a 6,2 milhões de toneladas, mesmo com uma área reduzida de 13,9%.
A soja teve queda de 0,8%, passando de 96,2 para 95,4 milhões de toneladas, enquanto que o milho apresentou retração de 19,1%, ficando em 68,5 milhões de toneladas, estima o órgão.
Outras culturas mantiveram diminuição devido às adversidades climáticas, como estiagens prolongadas e altas temperaturas.
Feijão sofreu com a estiagem
Principal vilão da inflação nos últimos meses, o feijão em grão deverá totalizar nas três safras do produto 2,8 milhões de toneladas, uma queda de 2,6% entre as estimativas de junho e julho.
Segundo o IBGE, a redução da produção alcançou todas as regiões do país: 0,5% na Norte, 4,1% na Nordeste, 2% na Sudeste, 0,2% na Sul e 5,3% na Centro-Oeste.
A primeira safra deve produzir 1,3 milhão de toneladas, com queda de 2,1% frente ao mês anterior.
No Nordeste, houve recuos nas estimativas de produção no Maranhão (-2,4%), Ceará (-26,4%) e Rio Grande do Norte (-52,8%) devido à estiagem.
Para o feijão 2ª safra, a estimativa é de 1,1 milhão de toneladas, com redução de 4,5% frente ao mês anterior.
As perdas no mês foram maiores no Sudeste (-8,2%) e Centro-Oeste (-14,0%), influenciados por São Paulo (-21,9%) e Mato Grosso, (-19,4%).
Já a estimativa da produção da 3ª safra cresceu 1% frente ao mês anterior, devendo chegar a 437,9 mil toneladas, com altas em São Paulo (20,6%), Goiás (3,8%) e Mato Grosso (2,0%).
Minas Gerais, maior produtor de feijão dessa safra, teve sua estimativa reduzida em 6,6% frente ao mês anterior (chegando a 177,8 mil toneladas) devido à falta de água para irrigação.
Área cultivada
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento, a área plantada cresceu quando comparada com a última safra, estimada em 58,2 milhões de hectares, com um aumento de 0,6%.
A soja, que responde por 57% da área cultivada do país, é a responsável por esse aumento. A elevação deve ser de 3,6%, passando de 32,1 milhões de ha para 33,2 milhões na safra atual.
Também houve aumento de área do milho segunda safra com 10,2% (975,9 mil ha), chegando a 10,53 milhões de hectares.
O milho primeira safra, por sua vez, teve perda de área de 12,2%, atingindo 5,39 milhões de hectares.
Já o feijão primeira safra apresentou redução de 7,5%, registrando 974,6 mil hectares, perda de 3% na segunda safra, totalizando 1,28 milhão de hectares, e de 16,8% na terceira safra, chegando a 577,5 mil hectares.
Mais informações: Mapa e Agência Brasil