Pesquisadores usam frutas e verduras para criar plástico comestível e biodegradável

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Pesquisadores da Embrapa desenvolveram uma série de películas comestíveis que funcionam como plástico, que além de ser biodegradável, pode ser utilizado no preparo dos alimentos.

 

Após vinte anos de muito trabalho, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Instrumentação, de São Carlos (SP),  criaram um filme plástico comestível que é biodegradável e também pode ser utilizado no preparo de alimentos. Fotos: divulgação Embrapa/Samuel Vasconcelos/Luiza Stalder.

A película comestível (foto abaixo) pode ser produzido a partir de alimentos como espinafre, mamão, goiaba e tomate, mas a técnica possibilita que outras opções sejam desenvolvidas.

 

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A pesquisa foi desenvolvida pela Rede de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio (AgroNano) da Embrapa e teve investimento de R$ 200 mil. Os trabalhos foram coordenados pelos pesquisadores Luiz Henrique Capparelli Mattoso e José Manoel Marconcini.

O processo de produção do “plástico comestível” é considerado simples. Primeiro, a matéria-prima é composta por água, polpa de frutas e verduras  é transformada em uma pasta.

Em seguida, os pesquisadores adicionam componentes para dar liga no material e o colocam em uma forma transparente, que é levada a uma câmara que emite raios ultravioleta. Após poucos minutos, a película sai da máquina pronta para ser consumida.

Pesquisadores criam plásticos comestíveis
A matéria prima é transformada em pasta e depois em película comestível.

A grande vantagem é que quando descartado, este tipo de “plástico” se decompõe em até 90 dias e ainda pode ser utilizado como adubo ou lançado na rede de esgoto sem causar impactos ao meio ambiente.

A inovação ainda tem capacidade para conservar os alimentos pelo dobro do tempo do plástico convencional, que tem como se sabe pode demorar cerca de 400 anos para se decompor na natureza.

Os alimentos, usados como matéria-prima do filme, passam pelo processo de liofilização, ou seja, tipo de desidratação em que, após o congelamento deles, toda água contida transforma-se do estado sólido ao gasoso, sem passar pela fase líquida.

Além disso, os pesquisadores adicionaram quitosana, um polissacarídeo formador da carapaça de caranguejos, com propriedades bactericidas – o que aumenta o tempo para guardar os alimentos.

O processo pode ser aplicado aos mais diferentes alimentos como frutas, verduras, legumes e até alguns tipos de temperos.

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Água, polpa de fruta e carboidratos são a matéria-prima.

Reaproveitar alimentos sem bom aspecto visual

Segundo o pesquisador José Manoel Marconsini, da Embrapa,  a produção deste material favorece o reaproveitamento de alimentos que seriam rejeitados por não apresentarem bom aspecto visual, mesmo estando em condições de consumo.

“Além disso, como vantagem ambiental tem a redução do desperdício de alimentos, pois auxilia no aumento da produtividade, pois são produtos 100% biodegadáveis. Você pode utilizá-los como embalagem ou fazer compostagem, até porque o material dissolve na água”, explica.

Em sua opinião, outra vantagem ambiental é a possibilidade de reduzir o desperdício de alimentos o que auxilia no aumento da produtividade, sem precisar aumentar áreas de plantio.

Plástico orgânico mais resistente e tão eficiente como os convencionais

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Os sabores  incluem espinafre, mamão, goiaba e tomate, mas a técnica permite que outros sejam desenvolvidos.

O material tem características físicas semelhantes aos plásticos convencionais, como resistência e textura.

Em laboratório, o plástico orgânico se mostrou mais resistente ao impacto, além de ser três vezes mais rígido que os plásticos sintéticos.

O objetivo da técnica é processar o alimento na forma de filmes, mas com características semelhantes as películas convencionais.

Dessa forma, haverá a diminuição da passagem de gases ou do contato com outros organismos. Ou seja, não deixa você ter contato direto com o alimento”, salienta o líder da Rede de Pesquisa de Nanotecnologia da Embrapa, Cauê Ribeiro.

 

Possibilidades de uso do filme orgânico comestível são inumeras na área da alimentação, dizem os pesquisadores da Embrapa

Uso de filmes comestíveis na alimentação

“As possibilidades de uso deste material são inúmeras. Na área de alimentação, você pode fazer sushis, onde pode usar como uma cobertura de uma outra comida ou algo que possa enrolar, como os Wraps – em que pode fazer um enroladinho com este filme comestível, coo um temaki, por exemplo, já que pode-se comê-lo como a alga nori que é usada no sushi”, explica Marconsini.

De acordo com o especialista, outra possibilidade é o uso para embalar alimentos e como os filmes comestíveis são sensíveis a umidade, precisam estar em um ambiente seco, então pode-se usá-lo para embalar frutas, hortaliças, bolachas, pães.

Ainda não há previsão de comercialização, entretanto várias empresas já entraram em contato com a Embrapa Instrumentação a fim de demonstrar interesse na inovação.

Fonte e mais informações: Embrapa

ABAIXO, IMAGENS DE PLÁSTICOS  COMESTÍVEIS FEITOS DE MAMÃO E DE BETERRABA

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