A repercussão e os desdobramentos da operação Carne Fraca são objeto do noticiário na imprensa neste início de semana. As autoridades sanitárias de Hong Kong anunciaram nesta terça (28/3) que suspenderam parte do embargo a carne e derivados de frigoríficos brasileiros.
A limitação, agora, se restringe aos produtos oriundos dos 21 frigoríficos que são alvo de investigação na Operação Carne Fraca – que apura irregularidades na produção e fiscalização do setor.
Já o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou na segunda-feira (27/3), que, até o momento, as auditorias do órgão nos 21 frigoríficos investigados pela Polícia Federal não encontraram nenhum indício que acarreta risco à saúde humana. Leia mais abaixo.
Hong Kong integrava o grupo de países que proibiram totalmente a entrada da carne brasileira. Em nota, nesta terça (28/3), as autoridades do território semiautônomo chinês afirmam que a suspensão parcial do embargo foi uma resposta às informações prestadas pelas autoridades brasileiras, reafirmando a segurança e o rígido controle do sistema de produção alimentar.
O governo brasileiro comentou o anúncio em nota da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República: “com essa medida, todos os grandes mercados para exportações de carnes brasileiras encontram-se novamente reabertos”.
Hong Kong é um do principais compradores de carne do Brasil, e suspendeu as importações do país na terça passada (21/3). Depois, promoveu um recall dos produtos oriundos ds 21 frigoríficos investigados.
China, Chile e Egito já haviam anunciado ao governo brasileiro a retomada das compras de carnes produzidas no Brasil.
A suspensão de embarques ficará restrita apenas às plantas frigoríficas investigadas na Operação Carne Fraca, informou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em comunicados no sábado (25/3).
Restrições
Mais de uma dezena de países restringiu as compras de carne brasileira na semana passada, depois do anúncio da Polícia Federal sobre investigação de suposto esquema de corrupção envolvendo 33 funcionários públicos agropecuários e de 21 plantas frigoríficas no último dia 17 de março.
Marrocos, Zimbábue e Santa Lúcia foram adicionados à lista de países que proibiram completamente a carne brasileira na segunda-feira (27), enquanto Bahrein seguiu a decisão da Arábia Saudita de bloquear algumas plantas sob investigação.
As 21 fábricas sob investigação estão impedidas de exportar pelo governo brasileiro. Seis delas, foram interditadas pelo governo.
Carne suspeita não traz risco até agora
Já no tocante à saude, conforme o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, os 12 laudos já feitos a partir das auditorias especiais em 3 dos 21 frigoríficos sob suspeita de irregularidades que foram alvo da Operação Carne Fraca, apontaram que não há nenhum tipo de anormalidade que faça mal à saúde humana.
Nessas auditorias especiais que o Ministério da Agricultura vem fazendo nos 21 estabelecimentos frigoríficos sob suspeita de irregularidades foram colhidas 174 amostras de produtos fabricados e produzidos 12 laudos técnicos, e que não sinalizam nenhum indício que possa prejudicar a saúde humana, noticia o jornal Valor Econômico.
Uso excessivo de ácido sórbico, água injetada nas carnes, uso de amido acima do permitido, matéria-prima vencida foram as principais irregularidades, mas ainda faltam resultados microbiológicos que indicarão se há riscos à saúde
Até agora, as amostras passaram por análises físico-químicas, que indicariam, por exemplo, o uso excessivo de ácido sórbico, água injetada nas carnes e outros. Faltam os resultados microbiológicos, que ainda não ficaram prontos. Esses poderão indicar com mais precisão se há riscos à saúde.
“Não encontramos nessas plantas nenhum produto que pudesse fazer mal à saúde no momento”, disseu o ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
Uso exagerado de amido nas salsichas
No Souza Ramos, por exemplo, o problema encontrado até agora foi o uso de amido acima do permitido nas salsichas.
No Laticínios SSPMA, os responsáveis pela empresa tentaram impedir a fiscalização.
E na Farinha de Carnes Castro, que fabrica ração, foi encontrada matéria-prima vencida.
A Agricultura ainda aguarda o resultado de exames feitos em amostras de três plantas onde foram encontrados indícios de risco à saúde pública ou falhas no processo produtivo: Peccin em Jaraguá do Sul, Souza Ramos e Transmeat, em Balsa Nova (PR). Os resultados deverão ficar prontos em duas semanas, segundo a pasta.
Ministério interdita seis frigoríficos e empresas já anunciam demissões
Segundo o portal Estado.com, já chegou a seis o número de frigoríficos interditados pelo Ministério da Agricultura, dez dias após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
O Ministério da Justiça também anunciou segunda-feira (27/3) a ampliação do recall de produtos de frigoríficos investigados na operação. Pouco depois, o frigorífico Souza Ramos, interditado e alvo de recall, anunciou que fechou as portas e demitiu os 140 funcionários de sua fábrica em Colombo (PR) na semana passada.
Até a noite do dia 27/3, o secretário de Defesa Agropecuária, Luís Eduardo Rangel, disse que ainda não havia sido informado.
Logo após a operação policial, há duas semanas, o ministério fechou três estabelecimentos: Peccin em Curitiba (PR), Peccin em Jaraguá do Sul (SC) e a unidade da BRF em Mineiros (GO). A lista cresceu para seis, com o acréscimo de Souza Ramos, Laticínios SSPMA em Sapopema (PR) e Farinha de Carnes Castro em Telêmaco Borba (PR). Além desses, Transmeat, de Balsa Nova (PR), é alvo de interdição parcial, só de uma linha de produção de carnes temperadas.
Todos estão na lista dos 21 frigoríficos investigados na operação e que, por isso, receberam um “pente-fino” da fiscalização do Ministério da Agricultura.
O PESO DAS VENDAS EXTERNAS DE CARNES BRASILEIRAS
Fontes e mais informações: Agência Brasil, Agência Brasil-Mapa interdita frigoríficos, Estadao.com, Estadao.com-Hong Kong reabre, CarneTec